domingo, 31 de outubro de 2010

Hoje, 31 de Outubro de 2010, começa uma nova história...

Esperamos que o rumo que o Brasil tomar hoje, seja o rumo do progresso, da modernidade, da justiça social, tudo isso passa por uma educação de qualidade, por professores melhor preparados e melhor remunerados. Esperamos, com fé, que Dilma ou Serra, entendam que um país somente se faz forte sobre os alicerces da educação. De nada adianta investir bilhões em segurança se continuarmos a descarregar todos os anos jovens sem a menor chance de conseguir espaço no mercado e trabalho, de nada adianta gerar 20 milhões de novos empregos sem que tenhamos mão de obra qualificada para ocupá-las. Quando falo de mão de obra, não falo de pessoas treinadas para o trabalho, mas de pessoas capazes de crescer e se desenvolver depois da escola, buscando seu caminho. Que Deus nos ajude...

Jatene x Serra


Adib Jatene, na Bandeirantes, no domingo, deve ter surpreendido a quem não o conhecia. E deve ter desagradado especialmente ao mundo tucano-demoníaco. Por segundos, quem sabe, aquele mundo pode ter perdido muito de sua arrogância e presunção. E o pior, para tucanos e demoníacos, é que Jatene não pode ser chamado de petista, e contra ele não se poderá utilizar o recurso, já gasto, de trololó. Uma preciosa entrevista dada no programa Canal Livre.
Jatene, sabe-se, foi ministro da Saúde de FHC até que não aguentou mais e saiu. Disse, com todas as letras, que quando ministro do Planejamento de FHC – ele foi, não foi? e eu pergunto porque de repente ele desmente – Serra não aceitou qualquer proposta que vinculasse verba à Saúde, como ele, Jatene, queria. Disse que se ele, Jatene, quisesse lutar por isso, que fosse à luta sozinho.
Foi desmontando, passo a passo, as perguntas fundadas no senso comum neoliberal feitas pelos jornalistas. Não, para ele a carga tributária no Brasil não constitui nenhum escândalo. O que o escandalizava, disse, era ouvir pessoas dizendo que era preciso diminuir a carga tributária no País. Como diminuir a carga tributária se com o que recolhemos de impostos não conseguimos sequer atender às necessidades de saúde do nosso povo? Ele é que perguntava. E os jornalistas sem resposta, embora muito educados face à autoridade do entrevistado.
Só não disse, talvez porque não seja característica dele o combate político direto, que a proposta de Serra, continuador de Fernando Henrique Cardoso, é reduzir impostos e diminuir, portanto, a qualidade de saúde oferecida ao nosso povo. O PSDB e o DEM vociferam diariamente contra a carga tributária no Brasil, a mesma carga tributária que cresceu dez pontos durante o governo Fernando Henrique, e para fazer o governo desastrado que fez.
E o PSDB e o DEM acabaram com a CPMF, menina dos olhos de Jatene. Cometeram esse crime contra o povo brasileiro. Jatene sabe disso. Mas, prefere caminhos mais sinuosos. Não disse que Serra foi patrocinador do fim da CPMF. Jatene mete o dedo na ferida, mas é elegante, polido, diplomático. Deixa que o espectador reflita sobre o que fala.
Mas, os jornalistas, que metabolizaram profundamente a ideologia neoliberal, iam e vinham com as perguntas, aquelas de sempre. Mas, não é um problema de gestão, ministro? Será mesmo carência de recursos? Jatene é calmo, não se irrita, e fala de forma quase pedagógica, como que pretendendo convencer os jornalistas.
Em primeiro lugar, os melhores gestores são os gestores públicos, ensinou. Mas, por quê? reagiram os entrevistadores. São os melhores porque lidam com recursos escassos e fazem um trabalho admirável. Fez elogios rasgados ao SUS. E insistiu, na contramão do demo-tucanato, que o problema central da Saúde no Brasil é de recursos mesmo. E fez um cotejamento detalhado entre os gastos públicos de países desenvolvidos e o Brasil para mostrar o quanto estamos distantes de padrões ideais quanto a recursos para o setor.
Nada disso é trololó. E o pior é que não pode dizer que é agitação de petista, insista-se. Jatene já serviu a vários governos, e sempre levou a sério a função pública. É um médico, dos mais respeitados do País, com notoriedade que ultrapassa as fronteiras nacionais. E que sempre demonstrou que tem o que podemos chamar de espírito público.
Quando percebeu que o jogo tucano não era a favor da Saúde, pegou o boné e foi embora. E continua a levar a vida com seu elevado espírito de bem servir a nossa gente.

Eras de extremos


A história pertence a quem sabe contá-la. O desenhista americano Robert Crumb é um historiador. Depois que relatou os anos 60 americanos em livros e revistas, aquela se tornou a era Crumb. Nesse particular, o artista de 67 anos, filho de fuzileiro naval, que começou desenhando cartões de aniversário, ombreou-se a poetas distantes, Homero entre eles. O autor da Ilíada fez com que a Guerra de Troia, possivelmente ocorrida entre os anos 1300 e 1200 a.C., jamais retratada por um troiano, ficasse para sempre registrada sob sua perspectiva grega de narrador. A busca por liberdade dos jovens norte–americanos caídos por drogas, sexo, música e gurus na segunda metade do século XX ganhou em Crumb um retratista. Sem ele e sua geração, os contestadores de ontem talvez nadassem hoje no esquecimento.
Com Franz Kafka (1883-1924), um autor no limiar da queda de um império, o dos Habsburgo, aconteceu coisa parecida no início do século passado. Um dos maiores escritores do Ocidente, ele não relatou os terríveis e concretos fatos a envolver seus vizinhos, parentes e amigos subjugados no gueto de Praga. Mas descreveu em pormenores a paisagem mental do período, o pânico e o horror diante da febre eugênica e do racismo, como raros fariam literariamente, antes ou depois.
Sem Kafka, dificilmente estaria completa a história do homem moderno, não só a do judeu, que assistia à passagem de um poder aristocrático para aquele burguês, desencantado em relação às promessas de progresso científico das quais só uma elite econômica realmente se beneficiaria. Ele compôs uma linguagem nova para acompanhar suas descobertas. Sua narrativa fabular e direta soltava o leitor em uma atmosfera irreal. Mas a sensação de irrealidade era temporária. Repentinamente, o que parecia sonho poderia ser compreendido como fato real, ainda por cima ameaçador.
Quem organiza a história é o ser que a escreve. Crumb sabe disso bem. Aliou-se ao especialista em adaptações literárias para os quadrinhos David Zane Mairowitz, nascido nos Estados Unidos no mesmo ano de 1943 e graduado em Letras e Dramaturgia, para compor Kafka de Crumb (Desiderata, 184 págs., R$ 39,90). O livro, reeditado no Brasil depois de quatro anos, agora em formato acertado, grande, é essencial à compreensão da obra do escritor. No volume, o desenhista ilustra trechos de obras de Kaf-ka como A Metamorfose, A Toca, O Processo, América, Um Artista da Fome e a inacabada O Castelo.
A biografia em quadrinhos deseja ressaltar que Kafka pode ter sido tudo, menos “kafkiano”, segundo o sentido corrente de tal adjetivo. Dito de maneira coloquial, “kafkiano” evoca as coisas terrivelmente surreais. Porém, Mairowitz menospreza esse sentido, segundo ele nascido de quem jamais leu Kaf-ka direito. O autor vê em seu biografado, isso sim, um certo humor, o mesmo que acomete os judeus especializados no autodeboche. Seu hábito de apequenar-se, traduzido em novelas e contos nos quais ele se transforma em inseto, toupeira, cão ou macaco, teria nascido da ameaça diária do antissemitismo, que interiorizava. E isto, sustenta, é o mais kafkiano que há.
“O que tenho em comum com os judeus? Eu não tenho nada em comum comigo mesmo”, afirma Kafka, para que Mairowitz ligue esse raciocínio do escritor a uma “autodesaprovação- -humorística, exatamente o que ele tinha em comum com os judeus”. Mais cedo ou mais tarde, diz o biógrafo, até o representante da etnia que mais se auto-odiasse tinha de rir de si mesmo. “As narrativas de Kafka, ainda que austeras, quase sempre também são engraçadas”, escreve Mairowitz. Aqueles que conheceram bem o escritor o viram amável, sorridente, bom ouvinte, mas de alguma forma inacessível e distanciado. “Sua capacidade de engolir o medo dos outros e dirigi-lo contra si mesmo, em vez de contra sua origem, é a matéria-prima de toda a sua obra. Em nenhum outro lugar isso é mais aparente que em sua relação com o pai.”
Pisado psicologicamente por Hermann Kafka, o escritor estaria, em sua literatura, a demonstrar a necessidade de esconder-se, de rastejar, de fugir para a morte, ligando à sujeira qualquer tentativa de vivenciar o prazer. É o pai quem o impede de crescer, de amar as mulheres, e ele as toca com repulsa. Sua irmã mais nova, Ottla,- “literalmente” o carrega com suas asas por esse “difícil mundo”, segundo se lê em uma frase ilustrada por Crumb no livro. A última paixão de Kafka, ocorrida quando ele já sofria de tuberculose, foi Dora, 19 anos, de uma família judia ortodoxa. O casal sonhava em mudar-se para Tel-Aviv, abrir um restaurante judeu no qual Dora cozinharia e Kafka seria um garçom. Humor, muito humor.
É outro, bem diferente de Kafka, o artista Crumb. O talento para narrar e se autodepreciar comicamente basta para compará-los. Mas, sem as descobertas de Kafka, talvez ele não caminhasse em liberdade. Diz-se inspirado em S. Clay Wilson: “Ele foi uma revelação para mim. Desenhava toda e qualquer maluquice que passasse por sua cabeça, sem se importar com o quanto ela era pervertida, violenta ou sexualmente bizarra. Ele simplesmente desenhava. Eu pensei: ‘Pra que ficar se censurando? Põe tudo pra fora e depois vê no que dá’”.
Crumb sobreviveu a uma família atormentada e, conforme diz na história “Eu agradeço! Eu agradeço!”, de 1989, hoje se considera muito feliz. Sabe desenhar. Ganha dinheiro com isso. Adora seus discos de 78 rotações. Tem água quente em casa. Uma banheira confortável. Hoje, mora até mesmo na França com a família, espalhado por três casas no interior do país, onde repousa seu enorme acervo de livros e discos. É casado com a também desenhista Aline Kominsky, bela aos 63 anos, pai de Sophie, de 29, e avô de Eli Robert, de 10 meses, a quem a avó, durante um jantar em São Paulo no mês passado, carinhosamente chamava “Buda”. Dadas sua bonomia e doçura, o bebê difere em muito da criança que sua filha foi, ela explicou. Sempre disposta a conversar, assombrava-se com a ausência de planejamento na capital paulista, em que, contudo, repousam grafites únicos. “Disseram-me que pareço com alguém chamado Fernanda Young (a apresentadora e escritora brasileira). Isto é bom ou ruim?”
Crumb especializou-se em narrar a própria vida com autoderrisão e humor, e Aline, nesse quesito, também o acompanha. Meus Problemas com as Mulheres (Conrad, 106 págs., R$ 49,90) mostra-o novamente diverso de Kaf-ka, divertindo-se com as garotas fornidas de corpo como o dela, e desencanadas. Neste livro que coleta histórias publicadas entre 1964 e 1991, Crumb, sempre à mão esquerda, ironiza seu ser franzino, a farra sexual em que mergulhou a própria vida desde que os anos lisérgicos lhe deram fama e sua falta de sinceridade quando despertado para o sexo feminino. Ele teve mulheres, ao contrário de Kafka. Presenteou-as com esculturas e andou de ônibus pela noite chuvosa, envergonhado, em troca de cavalgá-las por trás.
O artista reconhece que sua obra gostosamente autobiográfica e irônica lhe causa problemas de convívio no mundo real. “A minha obsessão por mulheres grandalhonas interfere na forma como algumas pessoas apreciam o meu trabalho!” é o título que ele dá a um texto reflexivo no qual admite a dificuldade em lidar com leitores incautos ou, mais comumente, não leitores mal informados sobre sua fome de amor. Incompreensão foi o que Crumb experimentou quando, muito bem tratado pela direção da Festa Literária de Paraty, em julho deste ano, acompanhado todo o tempo por guarda-costas pelas ruas da cidade, viu-se, na companhia do amigo Gilbert Shelton, o criador de Freak Brothers, metido em um debate para o qual não havia as boas perguntas.
“Foi um desperdício, uma coisa sem graça”, disse Aline sobre o ocorrido. Chamada pela mediação a intervir, ela tentou puxar uma ideia cômica, mas aparentemente era tarde para salvar o evento. Crumb escreve sobre si, mas por que falaria sobre si? “Muitas pessoas que amam o trabalho dele e de Shelton tiveram, ali, uma oportunidade perdida.” Problemas com as mulheres, Robert Crumb? Com esta, aparentemente nenhum.

Desenvolvimento X, Geração Y


A questão do desenvolvimento, em particular, não é algo simples, pelas diversas correntes de pensamento que existem por aí e por estarmos na transição entre o fim do velho paradigma – ruína do socialismo real e a recente desestabilização do sistema capitalista – e o surgimento de um momento totalmente novo, ainda em formação.
Os valores que nortearam as sociedades até o presente parecem ter sido excludentes de uma forma ou de outra. O PIB, por exemplo, indicador consagrado para avaliar a saúde de uma economia, não traduz a realidade de cada indivíduo que compõe os grupos sociais.
Nesse sentido, concordo com a assertiva de Amartya Sen de que deveriam existir outros parâmetros para medir o desenvolvimento de uma dada sociedade. O premiado economista, que recebeu o Nobel de Economia em 1998, sublinha, em sua teoria sobre o desenvolvimento, a importância de se incluírem, por exemplo, o valor das capacidades e talentos dos indivíduos, a supremacia do ambiente democrático e de livre pensamento nas estatísticas sociais (que, de alguma forma, o IDH vem tentando suprir), como base fundamental para o florescimento e o avanço social.
Seria interessante serem consideradas as contribuições de pessoas que vivem à margem das instâncias de decisão. Vide o exemplo de Yoani Sánchez, premiada blogueira cubana, escritora do Generación Y. Mesmo sendo cidadã de um país politicamente fechado, teve a coragem e a criatividade para driblar os mecanismos de censura estatal e seguir em sua luta na construção de um mundo mais humano, democrático e livre.
Yoani, mãe, filóloga, amante da informática, encontrou na rede mundial de computadores – internet, o meio para transformar as frustrações com a política da família Castro, o isolamento e as limitações do cotidiano de Cuba em liberdade de ser quem é. Alguém que, a despeito de expressar as mazelas da realidade de um regime socialista desgastado, fadado a ser enterrado junto com seu líder, escolheu permanecer em Cuba, ser cubana, como porta-voz de uma geração que deseja ter mais espaço e recursos para ser, crescer e se desenvolver.
Participei em Cuba, em 1991, a convite do governo local, do Acampamento Internacional da Juventude, na praia de Varadero, quando pude conviver com os jovens cubanos, hoje adultos integrantes da geração Y narrada por Yaoni. Era o fim da guerra fria e, consequentemente, do financiamento do regime socialista pela ex-URSS, momento em que já eram notáveis as políticas de racionamento, como, por exemplo, do combustível. Adolescentes entre 12 e 15 anos, procedentes do lado de lá da cortina de ferro – soviéticos, tchecoslovacos e poloneses – convivendo com outros tantos do ocidente, sobretudo os que estavam alinhados ideologicamente com os movimentos sociais de esquerda. Sentados em rodas todas as tardes ou em filas para comer mirabel, esses adolescentes sonhavam com um futuro promissor, idealizavam Che Guevara e valorizavam as posições políticas de líderes como do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, Fidel Castro e Nelson Mandela, reunidos na festa do 26 de julho, próximo ao local do acampamento, para celebrar a data da Revolução Cubana.
Como testemunha ocular desse momento histórico e lendo as narrativas atuais de Yoani Sánchez, é fato que os ideais de desenvolvimento social, exaltados naquela época, ruíram. O modelo ali simbolizado, que propunha igualdade, educação e saúde para todos, definhou com o bloqueio econômico americano e usurpou o direito de expressão, de ir e vir e de sonhar desta geração que, hoje, ainda espera ser protagonista da construção de um país livre e economicamente desenvolvido, procurando entre os escombros, o norte, o caminho a seguir.
Como contemporânea dessas pessoas, situada do lado de cá dessa realidade, em um ambiente de abertura política, voltado às premissas do livre mercado, eu constato também os desafios e as contradições para ser e se viver em uma sociedade democrática e livre. Deparamo-nos frequentemente com as dificuldades de adequação aos fundamentos do mercado, no qual as qualidades inatas dos indivíduos muitas vezes são desqualificadas ou sobrepostas por um padrão de funcionamento sistemático, também excludente, que não condiz com as necessidades e características da grande maioria dos membros da coletividade.
É certo que os obstáculos e as oportunidades nunca antes imaginadas existem nos diversos regimes e formas de organização social na atualidade. A geração Y, hoje à frente desta construção social, tem a tarefa de consolidar uma nova identidade que permita superar as adversidades do passado e promover o desenvolvimento X, capaz de garantir a expressão plena de suas potencialidades.

domingo, 24 de outubro de 2010

Uma rodada de negócios

Há muito tempo que o futebol deixou de ser só futebol, pelo menos para as pessoas ligadas diretamente ao futebol. A cada rodada muitos milhões são movimentados, milhares de pessoas estão trabalhando para levar até o cidadão tudo o que os clubes e a TV querem vender. O futebol ficou profissional, as transmissões estão mais atraentes para prenderem a atenção do telespectador e vender anunciantes (produtos).
O futebol brasileiro é um mercado único do futebol global, pelos milhões de adeptos espalhados pelo país e pela paixão que o desporto mais popular do planeta desperta nos brasileiros. Nos últimos anos, segundo análise da empresa Crowe Horwath RCS os clubes brasileiros aumentaram consideravelmente a participação do adepto nas suas receitas e a perspectiva para os próximos seis anos é extremamente positiva. A participação mais activa das receitas geradas directamente com o adepto de futebol, ajuda os clubes a terem novos recursos para investir em equipas mais competitivas. Isso acaba por resultar numa satisfação dobrada para os apaixonados adeptos, que recebem um tratamento de cliente preferencial e também por verem as suas equipas cada vez mais competitivas.
Segundo análise da área Esporte Total da Crowe Horwath RCS, o mercado brasileiro de clubes de futebol, movimentou pouco mais de R$ 800 milhões (323 M€) em 2003, superando R$ 1,7 bilhão (687 M€) em 2008. E a perspectiva até a Mundial no Brasil é extremamente positiva, podendo superar R$ 3 bilhões (1.312 M€) no final de 2014. A projecção foi fundamentada nos dados financeiros dos últimos seis anos e na construção de cenários futuros para o período de 2009 a 2014.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Parabéns Professores

As bolas de papel na cabeça,
Os inúmeros diários para se corrigir,
As críticas, as noites mal dormidas...
Tudo isso não foi o suficiente
Para te fazer desistir do teu maior sonho:
Tornar possíveis os sonhos do mundo.
Que bom que esta tua vocação
Tem despertado a vocação de muitos.
Parece injusto desejar-te um feliz dia dos professores,
Quando em seu dia-a-dia
Tantas dificuldades acontecem.
A rotina é dura, mas você ainda persiste.
Teu mundo é alegre, pois você
Consegue olhar os olhos de todos os outros
E fazê-los felizes também.
Você é feliz, pois na tua matemática de vida,
Dividir é sempre a melhor solução.
Você é grande e nobre, pois o seu ofício árduo lapida
O teu coração a cada dia,
Dando-te tanto prazer em ensinar.
Homenagens, frases poéticas,
Certamente farão parte do seu dia a dia,
E quero de forma especial, relembrar
A pessoa maravilhosa que você é
E a importância daquilo do seu ofício.
É por isto que você merece esta homenagem
Hoje e sempre, por aquilo que você é
E por aquilo que você faz.
Felicidades!!!

Uma Nova China, Como Nunca na História do País


Governos forjam imagens e se vendem como marcas (sou meio colonizado, prefiro a expressãobranding). O governo Lula, com sua pretensão de se alongar como um regime, investe  nobranding do nunca-na-história-deste-país. como se fosse um marco zero da dita cuja. O regime comunista chinês (é mais do que um mero governo) sobrevive em uma civilização antiga e tem referenciais históricos, digamos, mais sofisticados do que do presidente brasileiro.
Para sua sobrevida, o regime aprontou um rebranding. O projeto é forjar uma imagem da China que combina tradições confuncianas de estabilidade social com a modernidade econômica, num coquetel vitaminado pelo nacionalismo, que hoje tem muito mais apelo do que o comunismo. Slogans ilustrativos deste rebranding são capitalismo autoritário e leninismo de mercado. A idéia é prosperidade e longa vida sob o tacão do partidão.
O vigor econômico chinês durante a crise financeira global injetou mais moral neste projeto e, por extensão, comprovaria a superioridade dos valores chineses de harmonia social sobre os valores ocidentais de direitos individuais e conceitos alienígenas de democracia clássica. Em termos mais funcionais, o regime argumenta que uma sociedade estável (sem os ruídos, os solavancos e as contradições da democracia) são imprescindíveis para conseguir crescimento econômico e desenvolvimento em uma sociedade tão populosa e ainda pobre. E a Ïndia, camaradas?
Mas a estóica eloquência de dissidentes como Liu Xiaobo, culminando na sua premiação com o Nobel da Paz de 2010, expõe a fraqueza do rebranding chinês, com sua cobrança calma e convicta por direitos individuais e democracia. Não é à toa que o regime de um país com 1.4 bilhão de habitantes, US$ 2 trilhões de reservas e segunda economia mundial está reagindo com fúria, truculência e paranóia à força moral de um indivíduo. Na sua mistura de arrogância e insegurança, a China se sente cercada, atacada e minada pelo mundo. Quem são estes impertinentes noruegueses para premiar o criminoso Liu Xiaobo, que cumpre pena de 11 anos de prisão por subversão?
A China tem raiva dos premiadores e medo do seu próprio povo. E tem motivos para estes sentimentos. Países civilizados tratam a China com admiração por seu sucesso econômico e desprezo por seu atraso político (fazem negócios, de qualquer forma). Premiar um dissidente como Liu Xiaobo, que tem a força moral de um Andrei Sakharov, é transmitir a mensagem de que nem tudo funciona na China, que o país tem muito das sociedades comunistas que ruíram com a queda do muro de Berlim.
Isto deixa as autoridades mais apopléticas do que nunca. Afinal um dos motivos do rebranding  foi evitar o destino soviético. Liu Xiaobo foi premiado com o Nobel enquanto é um prisioneiro, como a heróica Aung San Suu Kyi. A China tem muito de Mianmar, apesar de todo esforço  de modernização.
Claro que a nova China é melhor do que a velha China maoísta das fantasias econômicas, das arruaças da revolução cultural e da mais crua e cruel repressão. Hoje a opressão é mais sutil e seletiva. Não há margem de manobra para um Liu Xiaobo, mas existe espaço para quem não questiona a supremacia do Partido Comunista. Na frase atribuída a Deng Xiaoping, mentor dorebranding, “enriquecer é glorioso”, com a ressalva que prevaleça a pobreza política.
Agora, vamos falar do medo do povo. Antes de mais nada, saudações para a China que removeu mais de 500 milhões de pessoas da pobreza extrema em uma geração. Kerry Brown, da Chatam House, em Londres, tem algumas observações interessantes. A China precisa ter medo do povo, pois é vítima do seu próprio sucesso. Algo bem diferente dos delírios maoístas de 1958 quando ogrande timoneiro profetizou que a economia do seu país seria maior do que a da Grã-Bretanha em 15 anos.
O  Grande Salto para Frente  terminou na pior fome da história, com pelo menos 30 milhões de mortos. Desta vez, a China avançou com mais rapidez que imaginara. Em 2010, está uma década adiante do que projetara em 1999. O desafio é se o Partido Comunista terá o fôlego de duas ou três décadas de reformas econômicas antes de implementar reformas políticas.
Quem sabe a massa chinesa não tenha as aspirações de um Liu Xiaobo e hoje em dia, com este crescimento econômico e o orgulho nacionalista, o Partido Comunista até ganhasse eleições livres, mas a sociedade é mais complexa e quer (e luta) por mais direitos. Existem protestos por direitos de propriedade, greves trabalhistas, mobilização contra a corrupção endêmica, indignação com as desigualdades sociais e a busca de informação livre na Internet. Apesar desterebranding de harmonia social e repressão, há um alto nível de descontentamento popular.
No começo do ano, um influente economista chinês chamado Yao Yang escreveu na publicação americana Foreign Affairs sobre as vulnerabilidades do modelo chinês, tanto em termos econômicos, como políticos (O Fim do Consenso de Pequim). Ele questionou a própria viabilidade do modelo e como será possível a economia prosperar sem que o governo permita mais abertura politica para “equilibrar as demandas dos diferentes grupos sociais”. Claro que o regime comunista chinês quer escapar do destino de podres ditaduras e a farra do crescimento exuberante pode durar mais alguns anos. O regime está mais à vontade com a fórmula de um capitalismo eficiente e autoritário de Cingapura do que de uma Coréia do Sul, que nos anos 80 adotou um caminho democrático.
O Nobel Liu Xiaobo também prega uma saída democrática, enfatizando a necessidade de compromissos entre o regime e a sociedade em uma transição. Que a China tenha um novorebranding, como nunca na história do país.