quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

OS COMPUTADORES: UM NOVO PRODUTO E UMA NOVA FACE DA CULTURA

 Tradicionalmente os computadores têm sido pensados apenas como meros instrumentos de transmissão rápida de informações. No entanto, sua capacidade efetiva ultrapassa bastante este plano redutor.
 Os computadores são um novo tipo de produto social. Eles são chamados "produtos inteligentes" ; isto é, produtos com possibilidade de desencadear alterações nas relações entre as pessoas. Portanto, o que os caracteriza basicamente é que eles não são meros produtos para um consumo imediato, trazem acoplado novos rumos para aqueles que os utilizam.
 " Estas máquinas inteligentes já estão começando a ser usadas para tudo, desde calcular os impostos da família e monitorar o uso de energia em casa, jogando jogos, conservando um arquivo de petiscos, lembrando seus donos de próximos compromissos e servindo como “datilógrafas espertas”. Isto, entretanto, oferece apenas um minúsculo vislumbre de seu potencial completo. (...) Viver num ambiente assim levanta questões filosóficas de arrepiar. As máquinas assumirão o controle? Poderão máquinas inteligentes, especialmente se entrelaçadas em redes de intercomunicação, ultrapassar a nossa habilidade de compreendê-las e controlá-las? (...) Até que ponto nos tornaremos dependentes do computador e do cartão? Na medida em que bombearmos mais e mais inteligência no ambiente material, atrofiar-se-ão as nossas próprias mentes?” 
 Há, geralmente, uma postura inicial que acompanha a todos aqueles que se iniciam na utilização de computadores : uma maneira preconceituosa de concebê-los. Primeiramente, os usuários partem da crença de que eles são máquinas que não pensam. Na verdade, eles são produtos de ponta de uma tecnologia inteligente, isto é, uma tecnologia que se desenvolve e se estrutura a partir de componentes oriundos da decodificação de processos cerebrais. São máquinas semânticas, utilizando formas de linguagem bastante sofisticadas, tais como : imagens, códigos de linguagem, processadores de texto e cálculo, etc.
 Em segundo lugar, os computadores costumam ser vistos como máquinas frias que não possibilitam o contato humano. Contudo, este processo tem mudado rapidamente através das redes de computação. O que possibilitou a emergência de novas maneiras de conceber as relações sociais. Surgiram as chamadas relações virtuais. Elas são estabelecidas através dos microcomputadores conectados em rede. Em decorrência, seja através dos grandes bancos de dados, das trocas de mensagens por correio eletrônico ou dos chats (conversas online em pares ou grupos); o que acaba por se estruturar são novas formas de interação, onde as distâncias e o tempo se encurtam nos processos de comunicação entre as pessoas.
 " (Invadir) o cotidiano com a tecnologia eletrônica de massa e individual, visando à sua saturação com informações, diversões e serviços. Na Era da Informática, que é o tratamento computadorizado do conhecimento e da informação, lidamos mais com signos do que com coisas. Preferimos a imagem ao objeto, a cópia ao original, o simulacro (a reprodução técnica) ao real. PORQUE DESDE A PERSPECTIVA RENASCENTISTA ATÉ A TELEVISÃO, QUE PEGA O FATO AO VIVO, A CULTURA OCIDENTAL FOI UMA CORRIDA EM BUSCA DO SIMULACRO. SIMULAR POR IMAGENS COMO NA TV, QUE DÁ O MUNDO ACONTECENDO, SIGNIFICA APAGAR A DIFERENÇA ENTRE REAL E IMAGINÁRIO, SER E APARÊNCIA. Mas o simulacro, tal qual a fotografia a cores, embeleza, intensifica o real. Ele fabrica um hiper-real, espetacular, um real mais real e mais interessante que a própria realidade. O hiper-real simulado nos fascina porque é o real intensificado na cor, na forma, no tamanho, nas suas propriedades. (...) ELES NÃO NOS INFORMAM SOBRE O MUNDO; ELES O REFAZEM À SUA MANEIRA, HIPER-REALIZAM O MUNDO , TRANSFORMANDO-O NUM ESPETÁCULO."
(GRIFO NOSSO)
 Quando o aluno se volta para a sociedade atual, através da Informática, não está apenas frente a um novo instrumento de consumo ou brinquedo. O computador estrutura um novo recorte da realidade. Um recorte que possibilita ao usuário recriar uma parte da realidade. Este fato nunca antes tinha acontecido nas dimensõe atuais. O real ficava sempre como o último recurso da certeza do sujeito. Era no real que estava a concretude do pensamento. Era nele que o professor teria que se basear para estruturar o seu processo de ensino-aprendizagem. No momento atual, assinala Jair Ferreira dos Santos " (que) os filósofos estão chamando de desreferencialização do real e dessubstancialização do sujeito, ou seja, o referente (a realidade) se degrada em fantasmagoria e o sujeito (o indivíduo) perde a substância interior, sente-se vazio." 
 Com o processo de desreferencialização do real e dessubstancialização do sujeito como é que fica o processo de formação dos alunos? De que maneira o professor deverá agir para lidar com os alunos a partir desta nova realidade?
 " Não é o saber ou o saber fazer o fulcro da ação educativa: é a criança, o adolescente, que devem ser preparados para viverem com os seus semelhantes, para dialogarem com eles, para participarem em sociedades gradualmente mais tirânicas, sem por isso deixarem de ser eles mesmos, sem serem dominados, avassalados por máquinas e burocracia de qualquer tipo". 
 Pode-se dizer que os computadores não são apenas os produtos mais comuns da nossa época. Eles são a metáfora do nosso tempo. Eles trazem em seu bojo as possíveis transformações que a sociedade do futuro terá. Uma sociedade que exige que os sujeitos sejam preparados para viver em realidades cada vez mais redefinidas e recortadas, onde o conceito de real e de realidade antigos não dão conta das indicações dos caminhos por onde ir. Os alunos precisam ser preparados para uma sociedade pós-moderna onde os parâmetros cognitivos serão continuamente redefinidos.
 A questão básica passa a ser, em decorrência, o que a Educação pode fazer para auxiliar os alunos e professores neste processo. No passado partia-se do privilegiamento do plano da razão ou consciência.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

COMPARTILHANDO IGUALDADES

Pensando em nossas angústias, medos, dificuldades diversas, aos quais todos nós estamos passando neste momento de mudança, propomos este texto para pensarmos em nossas igualdades.
Num momento em que buscamos por ideal, uma otimização da escola, da comunicação, da troca, do respeito, da consideração, do envolvimento, da paciência, da  tolerância, sentimentos estes que precisam nascer para fortalecerem nosso enfrentamento dos entraves, frustrações, desilusões, ainda que uma utopia.
O que são utopias? Refere-se a algo que não se encontra em lugar algum (do grego ou = não + topos =lugar) Mas para que servem a utopias? Servem para sonharmos, desejarmos, nos iludirmos com o impossível e conseguir o possível dentro do real, nos imaginarmos de forças amorosas, peregrinação na direção da terra prometida, construção do mundo que ainda não existe, e criatividade usada para um bem comum.
Caminhamos através de uma construção, e construir é um conjunto de ações que precisamos da força de cada um, para elevarmos nossas ações.
Um ideal social, educacional só pode ser alcançado se juntos enfrentarmos as adversidades em grupo, do contrário nos enfraquecemos, isolamo-nos um dos outros, cada qual a sua maneira de ver, entender, falar e agir. De nada valerá na prática, cujas forças diversas buscarão objetivos muitas vezes pouco comuns, levando a rupturas, a ilhas...
Já pensou em viver numa ilha?! Muito bom, um paraíso onde somos únicos, aparentemente atendidos em nossos desejos, mas sozinhos...
Como o homem por sua natureza é gregário e só se faz homem no social, através da cultura, na relação com outro ser humano.... então o que é ser humano?
Ah! aquela pessoinha cheia de defeitos, errante, atrapalhada, imperfeita, mortal que não cheira nem fede, sem sal sem pimenta, que tem humores e afetos diversos, mutável, que cresce, apaixona-se, ama, odeia. Alguns deles querem viver no paraíso, outros no inferno e a maioria deles acabam se contentando em  morar no purgatório.
Não gostou!? Então o que é um ser perfeito, onisciente, correto, imortal, maravilhoso? São os mitos, os deuses, estão nas religiões, no cinema, nas novelas,  são os heróis e bandidos, os monstros e os iluminados, os sobrenaturais e fazem parte do nosso desejo.
E qual a vantagem de ser humano? Vamos brincar um pouco com as metáforas...
A imperfeição permite que todos possamos caminhar entre os três mundos: dos  só de bonzinhos, dos só malvados, e dos bonzinhos e malvados.
A desvantagem dos bonzinhos é que só podem ficar lá,  intocáveis, são tão bons que agüentam tudo, nunca reclamam, mas quando estão bravos disfarçam podem virar cruéis e vingativos por sua natureza, ninguém pode chegar perto se chegar há necessidade de reverencia, protocolos. Os deuses podem ser bons, cruéis, vingativos, e os diabinhos também muito simpáticos sedutores tiram a alma da gente... Já que são rivais disputam pelo mesmo intuito nossa alma humana, que acreditamos ser sem valor. Portanto, temos dois seres brigando para quem fica com os imperfeitinhos, não quer dizer malvado e cruel ou perfeitinho não quer dizer  maravilhoso e incompleto, em construção, mutação,...
Seres humanos são imperfeitos justamente por que buscam a felicidade a qual almejamos encontrar um dia? Será que realmente tivemos? Se tínhamos por que procurar?, procuramos por que tínhamos? Se perdemos por que não durou ?Aonde está a felicidade? Talvez a própria pergunta responda, que poderá ser um estado? Passamos a ser seres infelizes, tristes para desejar a felicidade e alegria! É um paradoxo o que vivemos.
A beleza pode estar justamente na possibilidade do crescimento humano, pode estar exatamente por sabermos que somos mortais, quando permitimos que algo morra, abre espaço para crescer o novo, evoluir, caminhar...
Juntam-se assim o amor, o desejo, a imaginação, as forças, para crirar um mundo que faça sentido, que tenha harmonia, que seja espelho, espaço fraterno, lar,.... Seria a realização dos nossos objetos de desejo!
Teríamos este lugar? Em que cultura isso se realizou? Em nenhum lugar! Nosso problema está aí, reconhecer nossas intenções e constatarmos o fracasso, e sobrará a riqueza da esperança, de em que algum dia, a realidade se harmonize com o desejo.
Não temos saudade do bem amado presente, a saudade só aparece na ausência, na distancia, na falta. E assim é sempre o desejo humano... ele aparece exatamente porque sentimo-nos privados, insatisfeitos, não encontramos prazer no espaço tempo presente, vem então a força para modificar. A psicanálise nos trás o ensinamento que a cultura vem exatamente para criar o objeto por nós desejado. O projeto inconsciente do ego é encontrar um mundo que possa ser amado, não importa seu tempo, lugar.
O ser humano do século XXI é aquele que deseja solidariedade igualdade, união, paz, amor, criatividade, exercício de cidadania, multiculturalismo, mas é o mesmo ser humano que quer o poder pelo poder, mata, destrói, corrompe, perverte, contamina,... Ao desejarmos uma possibilidade enfrentaremos outras opostas, é a dialética humana.
Queremos hoje as impossibilidades humanas, governar, curar, educar que só se fazem dentro do desejo do outro, do contrário é servidão massificadora, tirania imposta pelo meu próprio prazer de controlar o outro e exaltando é encontrar um mundo que possa ser amado. a mim mesmo.
Vivemos muitas horas de trabalho juntos, e então... não poderíamos transformar este espaço no mínimo mais aprazível?
Quem disse que seria fácil, é o desafio atual que nos chama!
Enquanto nossos desejos não se realizam podemos cantá-los, fazer deles poesias, sonhá-los, pintá-los, escrevê-los, prosear sobre eles,...
Já será um bom começo,  pois o melhor da festa é a preparação, estaríamos no meio, produzindo uma cultura, a caminho de algo!