quarta-feira, 14 de junho de 2017

A comédia política no Brasil

Ao escrever a "Comédia Humana", Balzac colocou mais de 300 personagens no enredo de sua obra-prima. Karl Marx, depois de ler um dos mais importantes monumentos da literatura universal, não se impressionou com tanta gente e comentou: "O livro do senhor Balzac só tem um personagem: o dinheiro".
Na comédia política que o Brasil está atravessando, com tantos figurantes de alta ou baixa atuação, pode-se dizer que há um só personagem: o dinheiro. Com o poder ganha-se dinheiro de uma forma ou outra. Com o dinheiro, ganha-se o poder. Esse é o resumo bastante resumido da crise que o Brasil está atravessando.
Na democracia representativa, que até Fernando Henrique Cardoso criticou num discurso na Academia Brasileira de Letras, poder é dinheiro e dinheiro é poder. Os partidos que ambicionam o poder não têm dinheiro nem para pagar as contas de luz e telefone de suas esquálidas sedes. Por sua vez, os candidatos, em sua maioria, também não têm dinheiro suficiente para manter as suas campanhas eleitorais. A solução é buscar recursos nas grandes empresas e nas grandes fortunas. Evidente que o poder político precisa de dinheiro das grandes empresas e dos gigantes do mercado. A mão de uns lavará a mão de outros. Se somarmos as quantias ganhas e gastas no mensalão, no petrolão e na Lava Jato, teríamos mais dinheiro do que o produto interno bruto. Nelson Motta, em artigo desta semana, pergunta: "Quanto vai valer em cargos, vantagens e dinheiro vivo um voto? Não tem preço".

quarta-feira, 7 de junho de 2017

PEQUENAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O RECREIO

Às vezes me pego observando as pessoas, as coisas, os movimentos e fazendo reflexões inúteis sobre tudo. Já há algum tempo venho observando o intervalo de aula das crianças (o recreio). O recreio na escola é o momento em que os alunos, de modo geral, extravasam algo reprimido dentro deles. Talvez após aulas angustiantes, sem sentido para eles, sem razão de ser. Cada criança vem de um universo diferente, então, vê a realidade da escola de forma diferente. Mas o mais interessante é observar a transformação que acontece entre aquela criança da sala de aula e aquela que está no intervalo de aula. Algumas crianças se transformam. Sabe aquela garotinha tímida, quieta da sala de aula? Sabe aquele menino que parece que nem fala no canto da sala? Pois é! Muitos deles (não todos) se transformam em verdadeiras feras. Pulam, gritam, correm o tempo todo. Brigam, estão prontos para a guerra. Há uma verdadeira necessidade de gritar o tempo todo. Na verdade, gritam a partir do sinal, antes mesmo de sair da sala. Pior de tudo é que os pais não acreditam nisso. É como se estivessem reprimidos em casa também. Talvez por isso, o barulho do recreio seja ensurdecedor para quem não está acostumado, para nós, em nossa maioria, é apenas o barulho do recreio, normal.